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sábado, 23 de agosto de 2014

O pecado de Acã e a derrota de Israel para Ai, qual foi o verdadeiro motivo?


NOTA DO AUTOR: Muitos me acusam de heresia e de distorcer as Palavras do Senhor; portanto, aconselho a examinarem as referências aqui citadas com o acompanhamento de uma bíblia de tradução fiel que é a que eu uso em todos estudos que faço.

INTRODUÇÃO

Depois de conquistar uma cidade grandemente fortificada, com uma muralha humanamente intransponível, Israel é humilhantemente derrotada pelo exército de Ai, uma insignificante cidade nos domínios de Canaã. Todos sabemos que o motivo de tal derrota foi o pecado de Acã, um hebreu da tribo de Judá que não atentou para o concerto de Deus. Mas, qual foi o erro em que Acã incorreu verdadeiramente? Após de ouvir alguns ensinos sobre o assunto e não satisfeito com a exposição dos mesmos, resolvi fazer algumas pesquisas, querendo saber a opinião de outros estudiosos. De todos os estudos que tive a oportunidade de ler, pude perceber a unanimidade dos expositores em alegar que Israel foi derrotado, porque Acã se apossou de algo que pertencia e era consagrado ao Senhor como o ouro, a prata, o ferro e outros (Josué 6 : 18 ; 24). Alguns chegam até mesmo a fazer uma correlação do incidente ocorrido em Jericó com a questão do roubo aos dízimos registrado no Livro de Malaquias. Teria sido isso mesmo? Vejamos o que a Bíblia ensina.

O PROPÓSITO DIVINO PARA COM ISRAEL

O propósito de Deus ao tirar seu povo Israel do Egito era introduzi-lo em Canaã, uma terra abençoada que manava leite e mel, conforme havia prometido a Moisés, quando o escolheu para liderar esse povo na saída do Egito (Êxodo 3 : 8). Israel não iria se apossar de algo que fosse de outrem, mas sim daquilo que Deus já os havia dado anteriormente, como garantiu a Abrão: "E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus."(Gênesis 17 : 8).  Nesta terra Sara morreu e foi sepultada (Gênesis 23 : 2 ; 19). Algum tempo depois, Jacó, após constituir família na terra de Padã-Arã, voltou e se estabeleceu em Canaã (Gênesis 31 : 18 ; 37 : 1). Ali ficou com sua família até que veio uma grande fome sobre esta terra, obrigando-os a descer ao Egito, onde serviram por 430 anos (Gênesis 42 : 5 ; 46 : 6). Jacó morreu no Egito, mas antes de sua morte, deu ordem a seus filhos que o sepultassem na terra de Canaã (Gênesis 49 : 29); cujo desejo foi realizado por seus filhos (Gênesis 50 : 5 ; 12 , 13). Sim, esta terra pertencia a Israel e eles deveriam repossuí-la, conforme era a vontade de Deus, quando retornassem do Egito. Mas isto não seria tão fácil.

Pelo tempo em que Israel esteve no Egito (430 anos), essa terra foi corrompida pelos povos que dantes ali habitavam, quais serviram a deuses estranhos. Ao sair do Egito, Israel peregrinou no deserto por quarenta anos por causa de sua incredulidade (Hebreus 13 : 19). Ali, Deus deu a Israel as leis e estatutos que deveriam ser obedecidos, quando Israel tomasse posse da terra. Algumas dessas leis ordenavam que Israel matasse todos os habitantes e destruísse por completo o local de adoração daqueles posseiros, para que Israel não viesse a se contaminar com a idolatria deles (Deuteronômio 12 : 1 - 3 ; 20 : 17 , 18). Um total de sete nações dominavam a terra de Canaã (heteus, girgaseus, amorreus, cananeus, perizeus, heveus e os jebuseus); cujos povos eram mais poderosos que Israel (Deuteronômio 7:1 ; Atos 13 : 19). Quando da conquista da terra, a primeira cidade a ser conquistada seria Jericó que ficava além do Jordão, dentro dos termos de Canaã.

AS DETERMINAÇÕES DIVINAS PARA A CONQUISTA DE JERICÓ

Para o bom êxito da campanha era necessário obedecer rigorosamente o que Deus pediu a Israel por intermédio de Josué, como:

a) Rodear a cidade (Josué 6 : 10 - 16): Durante seis dias, Israel deveria rodear uma vez a cidade levando a arca do concerto que representava a presença de Deus no meio do seu povo. E, no sétimo dia o povo deveria rodear a cidade sete vezes, somente nesse dia e em total silêncio até que Josué ordenasse o povo gritar. Israel rodeou a cidade de Jericó num total de 13 vezes e não apenas sete como nos ensinaram.

b) Não tomar nada de Jericó e destruí-la totalmente (Josué 6: 17-21): Que o leitor preste atenção neste detalhe: Jericó e tudo o que nela havia era ANÁTEMA (maldição) ao Senhor, com exceção de Raabe e sua família porque acolheu os espias (Verso 17b). Deus havia considerado a cidade de Jericó maldita (anátema) e tudo o quanto havia nela, pelo envolvimento com a idolatria que era o culto a falsos deuses. Era anátema, porque tudo lá era consagrado aos ídolos (demônios). Tudo? Sim! Até mesmo o ouro, a prata e o ferro que Deus pediu para separarem para o tesouro da casa de Deus eram malditos. É, eles só seriam sagrados ao Senhor depois que fossem purificados. Era a lei que assim dizia que todo objeto de metal que fosse adquirido em batalha, como ouro, prata, ferro e tudo o quanto mais pudesse resistir ao fogo deveriam ser purificados pelo fogo, e os que não resistissem ao fogo seriam purificados pela água (Números 31 : 21 - 23). Somente depois de purificados (fosse pelo fogo ou pela água), é que estes seriam introduzidos no santuário de Deus (tabernáculo), onde ficariam por memorial aos filhos de Israel perante o Senhor (Números 31 : 54).

Destruir tudo era uma medida divina para não ficar nenhum resquício de idolatria que futuramente pudesse contaminar Israel. Nada deveria ficar com vida ou intacto. Até mesmo mulheres e crianças não deveriam ser poupadas. Israel, em ocasião anterior pecou em desobedecer ao Senhor, quando em guerra contra os midianitas, poupou mulheres, crianças e o melhor dos despojos, o que deixou Moisés indignado (Números 31 : 1 - 20). Jericó era tão maldita (anátema), que após sua destruição, Josué esconjurou dizendo: “Maldito diante do SENHOR seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; sobre seu primogênito a fundará, e sobre o seu filho mais novo lhe porá as portas” (Josué 6 : 26). Nos tempos de Acabe se cumpriu essa maldição quando Hiel, o betelita, tornou a edificar Jericó, perdendo seu primogênito Abirão na fundação e seu filho caçula Segub no assentar das portas (1Reis 16 : 34).

ISRAEL TRANSGRIDE NO ANÁTEMA

Após esplendorosa conquista, Israel faz campanha contra Ai, cidade insignificante perto de Jericó que fora totalmente arrasada pelo exército israelita. Israel vai confiante contra Ai com apenas três mil soldados, dos quais trinta e seis morreram e o resto foram postos em fuga e feridos (Josué 7 : 4 , 5). Diante de tal vexame, Josué e os anciãos se humilham perante o Senhor em busca de uma resposta para a inesperada tragédia. O Senhor prontamente ouve seu servo e responde: “Israel pecou, e transgrediram a minha aliança que lhes tinha ordenado, e tomaram do anátema, e furtaram, e mentiram, e debaixo da sua bagagem o puseram.Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos; viraram as costas diante dos seus inimigos; porquanto estão AMALDIÇOADOS.” (Josué 7 : 11 , 12a). 

É bem certo que foi Acã somente quem transgrediu os mandamentos, mas Deus responsabilizou todo o Israel por isso (Josué 7 : 1). Devemos entender que apesar de Israel ser composta de doze tribos, diante de Deus ele é um só povo e o pecado de um só afeta e prejudica a todos igualmente. Assim também como igreja, somos um só corpo e, quando um membro sofre, toda a igreja também sofre (1Corintios 12 : 26 , 27). Deus ordenou Josué tomar providências quanto ao pecado de Acã, senão ele não seria mais com o povo, como disse: “não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós” (Verso 12b).


Qual foi o terrível pecado de Acã? Conforme as próprias palavras de Deus a Josué, o anátema (maldito) precisava ser desarraigado (tirado) do meio do povo. Acã tomara do anátema e se fez maldito com ele, contaminando também todo Israel. Antes de invadirem Jericó, Josué os alertou sobre isso: “Tão-somente guardai-vos do anátema, para que não toqueis nem tomeis alguma coisa dele, e assim façais maldito o arraial de Israel, e o perturbeis” (Josué 6 : 18). Sim, Acã tomara maldição, porque ele havia tomado aquilo que era maldito, conforme ele mesmo testemunhou: “E respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o SENHOR Deus de Israel, e fiz assim e assim. Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro, do peso de cinqüentasiclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata por baixo dela” (Josué 7 : 21 , 22). 

Os que defendem que Acã pecou por se apropriar do que era sagrado ao Senhor, precisam considerar que no momento em que Acã tomou tais objetos para si, os mesmos ainda não haviam sido purificados segundo a lei (Números 31 : 21 - 23). Acã os pegou do meio dos despojos que lhes foram proibidos tomar segundo a lei. Então, eles ainda eram anátemas (malditos) como todos os demais despojos de Jericó. Se Acã os tivesse retirado de dentro do santuário (tabernáculo) seria sim roubo daquilo que era do Senhor, o que não aconteceu, pois Acã, sendo da tribo de Judá não poderia entrar no santuário, onde somente os levitas (da tribo de Levi) poderiam adentrar. Se Acã entrasse alí morreria na hora (Números 18 : 22). Além do anátema, Deus acusou os israelitas primeiramente de não guardarem Sua aliança.

Que aliança era essa? Em Deuteronômio capítulo 20, Deus determina a lei das guerras. Nos versos 10 a 15, o Senhor estabelece a Israel que quando fosse combater contra alguma cidade fora dos domínios de Canaã, deveria primeiramente lhes apregoar a paz. Se os habitantes dessas cidades aceitassem a paz, então não haveria combate, contudo, os cidadãos seriam tributários e serviriam a Israel. Porém, se não aceitassem o acordo de paz, Israel sitiaria a cidade e Deus a entregaria em suas mãos. Os israelitas matariam todo homem, mas deixariam com vida as mulheres e crianças e tomariam para si todos os despojos e os comeriam. E nos versos 16 a 20, a lei para com os povos que estavam dentro dos domínios da terra que haveria de ser conquistada era diferente. Porém, das cidades destas nações, que o SENHOR teu Deus te dá em herança, nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida. Antes destruí-las-ás totalmente: aos heteus, e aos amorreus, e aos cananeus, e aos perizeus, e aos heveus, e aos jebuseus, como te ordenou o SENHOR teu Deus.Para que não vos ensinem a fazer conforme a todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, e pequeis contra o SENHOR vosso Deus” (Deuteronômio 20 : 16 - 18). Essa foi a aliança que foi transgredida, seguida da posse do que era anátema (maldito).

Seguidamente Deus os acusa de haverem furtado e mentido. “...e furtaram, e mentiram, e debaixo da sua bagagem o puseram...” (Josué 7 : 11)Certamente que Deus está se referindo a ação de Acã, mas este roubo não tem nenhuma relação com o dízimo (como muitos ensinam), sabendo que ouro, prata, ferro ou qualquer jóia preciosa não era dado como dízimo, pois dízimo, segundo a lei que não podia ser mudada era MANTIMENTO/ALIMENTO. Nunca foi quando o dízimo esteve em vigor e não pode ser hoje quando este rito cerimonial expirou na cruz (Colossenses 2 : 14).  Este roubo estava relacionado a se tomar dos despojos sem autorização, como Acã fez e até os escondeu. Havia essa proibição na aliança e ele não obedeceu.

JOSUÉ, COMO VERDADEIRO LÍDER, TOMA PROVIDÊNCIAS.

“Então Josué, e todo o Israel com ele, tomaram a Acã filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e seus bois, e seus jumentos, e suas ovelhas, e sua tenda, e tudo quanto ele tinha; e levaram-nos ao vale de Acor” (Josué 7 : 24).

Que o leitor atente para o detalhe do verso que mostra que Acã, a prata, a capa, a cunha de ouro, bem como sua família e tudo o quanto ele possuía foram levados ao vale de Acor, onde foram apedrejados e queimados. Não é certo que quando um ladrão é apanhado com produto de furto este é preso e o produto restituído ao seu dono? Até na lei de Deus era assim (Levítico 6 : 1 - 5). Ora, se Acã havia roubado o ouro, a prata e o ferro que eram sagrados ao Senhor, não deveria este ser restituído ao tesouro do santuário do Senhor? Não foi o que aconteceu, muito embora no verso 23 esteja escrito que os soldados trouxeram tudo que Acã se apossara à presença de Josué e do Senhor, mas como testemunho do mal que ele praticou. Deus não estava requerendo restituição do que Acã pegou, mas respeito, honra e obediência a sua aliança.

“E disse Josué: Por que nos perturbaste? O SENHOR te perturbará neste dia. E todo o Israel o apedrejou; e os queimaram a fogo depois de apedrejá-los” (Josué 7 : 25). Josué aplicou a disciplina vigente naquele tempo, onde a lei ainda vigorava, e assim desviou a ira de Deus de sobre o povo. Quantas igrejas como instituições hoje, não estão sofrendo, até com baixa no número de membros pela evasão de fiéis para outros ministérios, por falta de atitude de seus líderes em relação a determinados pecados cometidos até mesmo por obreiros, como aconteceu na igreja de Corinto?

CONCLUSÃO

Atualmente muitos pregadores se utilizam desta passagem do livro de Josué de forma totalmente distorcida, fora de seu contexto no intuito de levarem o ouvinte a se responsabilizar em contribuir com a organização religiosa ou mesmo a sentir-se culpado, quando um obreiro passa necessidade ou alguma adversidade vem sobre a igreja, por conta de alguns não contribuírem como se ensina.  Não foi por esse motivo que Israel perdeu a batalha contra Ai, mas exclusivamente pela desobediência a aliança e por haver tomado aquilo que era anátema (maldito).

Importante: Naquele tempo Israel transgrediu no anátema que era apropriar-se daquilo que era maldição por ter associação com a idolatria. No Novo Testamento sob o qual vivemos, se constitui em maldição o resgatar alguma obra da lei, que fazia parte das regras da antiga aliança, para tentar para aplicá-la na Nova. 

“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las... Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gálatas 3 : 10 ; 13).

Que sejamos responsáveis quando pregarmos as palavras de Deus não indo além do que está escrito e nem furtemos Suas Palavras para não irarmos o Senhor (Jeremias 23 : 30).

"Todos os dias torcem as minhas palavras; todos os seus pensamentos são contra mim para o mal."(Salmos 56 : 5)

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Sta. Bárbara do Pará

sábado, 2 de agosto de 2014

Como discernir o corpo do Senhor no ato da ceia para não ser condenado com o mundo?



"Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do SENHOR" (1Cor 11:29).


A Ceia do Senhor ou "santa ceia" como alguns chamam é uma ordenança de Cristo à Sua igreja até que Ele volte. Nela os membros participam do pão que simboliza o corpo de Cristo que foi rasgado na cruz e do vinho que simboliza o sangue do Senhor derramado para a remissão dos pecados. Um dos textos muito utilizados no cerimonial da ceia está em 1Coríntios 11 : 23 a 32, mas que nunca é explicado dentro do seu contexto.

Paulo censura a atitude dos coríntios em não levarem a sério o ato da ceia do Senhor. Mas, qual foi o pecado dos Coríntios em relação a ceia? Paulo cita pelo menos quatro deles, conforme veremos:

1 - DISSENÇÃO (DIVISÃO): “Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões...” (Capítulo 11 e verso 18). Este era um problema sério na igreja de Corinto. Em duas oportunidades, Paulo os advertiu quanto a esse problema pedindo que eles abandonassem essa prática e vivessem unidos em um mesmo parecer (Capítulo 1 e verso 10 a 13). Em outra ocasião, Paulo os classifica de carnais e de andarem segundo os ensinamentos dos homens (Capítulo 3 e verso 3). Ao que parece, os crentes de corinto idolatravam seus líderes a ponto de se dividirem quanto a isso (Capítulo 3 e verso 4). Este é um tipo de pecado que ainda prevalece entre alguns cristãos.

2 – HERESIA: “E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós” (Capítulo 11 e verso 19). HERESIA: do latim haerĕsis, por sua vez do grego αρεσις, "escolha" ou "opção". É a doutrina ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo.

A falta de unidade dos coríntios era a causa de praticarem heresia por apegarem-se em determinados líderes em detrimento de outros, deixando a impressão para os de fora que Cristo estava dividido (Capítulo 1 e verso 13). Coisa pior está acontecendo hoje nas inúmeras denominações existentes que apesar de falarem de Jesus, não se harmonizam entre sí. Jesus edificou uma igreja e os homens dividiram-na fundando várias igrejas. A  prática da heresia consistia em eles seguirem doutrinas de homens quais eram ensinos distorcidos da Palavra de Cristo, praticando ritos de uma aliança que Cristo aboliu na sua morte (2Corintios 3:14).

3 – ACEPÇÃO DE PESSOAS: Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo” (Capítulo 11 e verso 22). A ceia do Senhor deveria ser um momento ímpar de comunhão, fraternidade e regozijo entre os irmãos, mas não era o que acontecia. O pão como símbolo do corpo do Senhor deveria ser repartido com todos os crentes indistintamente, conforme Ele mesmo pediu (Lucas 22:19; 1Coríntios 11:24). Mas os irmãos menos favorecidos ficavam de fora desta tão importante celebração. Semelhantemente nos dias de hoje há igrejas cujos ministros em obediência a algumas doutrinas que eles mesmos criaram alheia a vontade de Deus se recusam a repartir o pão a determinados crentes. Eles negam a ceia, principalmente a crentes que não contribuem financeiramente com a organização religiosa. Eles não se dão conta que a acepção de pessoas é um pecado gravíssimo contra o Senhor desde a antiga aliança (Deuteronômio 16:19; Jó 13:10; Malaquias 2:9; Tiago 2:1;9). Quem tal ato pratica receberá a justa recompensa (Colossenses 3:25).

4 - FALTA DE DISCERNIMENTO QUANTO AO CORPO DO SENHOR: “Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do SENHOR” (Capítulo 11 e verso 29). DISCERNIMENTO: do latim., discernere, discernir, "separar", "dividir", "decidir"; é a faculdade de escolher o certo, ter critério ou juízo; ou efeito de se distinguir com raciocínio sobre as coisas. Seria o senso que permite as pessoas a confrontar o certo e o errado, a verdade e a mentira, o melhor e o pior, a experiência pessoal e a crendice, e assim por diante.


O que era e o que é discernir o corpo do Senhor no ato da ceia? Jesus, pela Sua morte vicária deu inicio a dispensação da graça, inaugurando com o seu sangue a nova aliança. Por esta que foi inaugurada na cruz, foram abolidos todos os ritos mosaicos que prevaleceram na antiga aliança. Um dos grandes problemas que Paulo enfrentou nas igrejas que ele plantou por onde passou pregando o Evangelho, foi justamente a oposição dos falsos irmãos, que na maioria eram judeus legalistas, fariseus praticantes que mesmo aceitando ao Senhor, não se desvencilharam de seus antigos costumes e tradições que por centenas de anos foram praticados na religião judaica. Estes mesmos queriam introduzir tais costumes na igreja como complemento da salvação (2Corintios 11:26; Gálatas 2:4). A igreja de Corinto havia sido alvo deles, de sorte que os ensinos de Paulo foram distorcidos, como aconteceu na igreja da Galácia, onde também os crentes de lá foram induzidos a retrocederem da liberdade da graça para a obrigação da lei, vituperando o sangue de Cristo (Gálatas 2:1-3). A falta de discernimento em relação a lei e a graça fez com que os coríntios profanassem a ceia comendo exageradamente e se embriagando.

Na antiga aliança era costume celebrar a Páscoa que consistia em sete dias de festa com muita comida e bebida, bem como nos ritos da expiação pelos pecados que, segundo o escritor aos hebreus foram uma alegoria para este tempo presente (Hebreus 9:1-10). Até mesmo na cerimônia da entrega do dízimo que era realizado uma vez ao ano, era ordenado ao dizimista comer e beber, sendo permitido a este ingerir até bebida embriagante como parte do cerimonial: “...E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por VINHO, e por BEBIDA FORTE, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa” (Deuteronômio 14:26). Mas, na ceia do Senhor que deu início a Nova Aliança, o cerimonial seria totalmente diferente daquele praticado no antigo concerto (Hebreus 8:6-13). 

O evangelista Lucas registrou em seu evangelho que Jesus antes de celebrar a ceia cristã, primeiramente celebrou a ceia pascal para assim poder cumprir o rito do antigo concerto como a lei exigia. Ele tomou um cálice e bebeu e deu aos discípulos ordenando que todos bebessem dele (Lucas 22:17,18). Este cálice era o cumprimento do antigo concerto qual Jesus veio cumprir, pois Ele não beberia mais do fruto da videira até que viesse o reino de Deus. Em seguida, Jesus dá início a ceia da nova aliança onde Ele parte o pão e distribui, ordenando que todos comam em memória dEle. Aquele pão rasgado, doravante simbolizaria o seu corpo que seria rasgado por nossos pecados na cruz. Após a ceia, Jesus toma um outro cálice e diz: Este cálice é o NOVO TESTAMENTO no meu sangue, que é derramado por vós.  (Lucas 22:17-20). Neste ato Jesus estava mostrando que com a sua morte, pelo Seu sangue que seria derramado, Ele estaria inaugurando o novo concerto, onde o antigo já não teria mais nenhuma influência sobre este (Hebreus 9:16,17).

Mas, pela má influência dos judaizantes, os coríntios foram levados a retrocederem na graça e praticarem heresia não discernindo, isto é, não sabendo distinguir o velho do novo concerto. E ainda, a não serem compassivos e misericordiosos com seus irmãos e assim, indignamente participavam da ceia. Paulo diz que a lição do velho testamento foi por Cristo abolido (2Cor 3:14), e aqueles que tentam ao Senhor resgatando mandamentos, práticas e tradições desse concerto para inserir no novo que Cristo inaugurou com seu sangue trazem sobrei sí maldição e condenação. Os que assim fazem se tornam inimigos da Cruz de Cristo (Filipenses 3:18). A carta aos hebreus nos adverte do perigo que é um crente ser salvo pela graça, mas que por causa de ensinos heréticos e distorcidos recaem, isto é, voltam às práticas veterotestamentárias que por Cristo foram cumpridas e abolidas na cruz. Isto é o mesmo que crucificar novamente a Cristo e expô-lo à vergonha pública (Hebreus 6: 4-6).

Hoje, no ato da ceia, geralmente os crentes são levados a refletirem e confessarem suas culpas e erros e a pedirem perdão quanto as suas falhas, o que não deixa de ser correto. Contudo, alguns ministros exageram e às vezes até terrorismo psicológico fazem para obrigar alguns a irem a frente do púlpito das igrejas pedirem perdão, mas sem confessarem suas culpas. Isto é um perigo, pois tal ação leva a igreja a assumir uma responsabilidade de perdoar um pecado não confessado, o que não é correto (1Timóteo 5:22; 1João 5:16,17). Mas, o que deveria ser ensinado, principalmente no discernimento que obrigatoriamente deve ser feito sobre o corpo de Cristo, muitos por falta de ensino ignoram e tomam a ceia indignamente.

Quantos hoje, não estão participar da ceia pisando o sangue do filho de Deus, tornando a morte de Cristo em vão pela imposição de regras e mandamentos que foram desfeitas na carne de Cristo? (Efésios 2:15; Gálatas 2:21). A semelhança dos corintios, muitos crentes estão a cometer os mesmos pecados contra o Senhor, anulando a graça de Deus por viverem em dissensões, fazendo acepção de pessoas e praticando heresias por obedecerem ordenanças de uma aliança que expirou na cruz. Os coríntios tinham muitas falhas, mas estes foram os principais pecados cometidos por eles, pelos quais muitos ficaram fracos, alguns doentes e outros até morreram (Capítulo 11 e verso 30).

De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? (Hebreus 10:29).

Por muito tempo fomos ensinados que as doutrinas de Deus estão em toda a Bíblia, isto é, tanto no antigo como no novo testamento e que não podemos ignorá-las. Verdade, mas precisamos discernir quais se aplicam a nós e quais se aplicam aos judeus, pois de outra forma, os crentes fracos poderão ser induzidos a entristecerem o Espírito Santo ao seguirem determinadas doutrinas como: a) praticarem a circuncisão como maneira de fazer uma aliança com Deus (Gênesis 17:10); b) santificarem seus filhos primogênitos como Moisés ordenou (Números 3:13); c) saírem por aí apedrejando aqueles que julgarem pecadores (Levítico 24:14-23); d) ou até mesmo sacrificando animais em favor de seus pecados (Levítico 3:1-9), pois estes ritos eram algumas das muitas doutrinas do velho testamento que não dizem respeito a nós cristãos.  

Você irmão que leu este estudo, quando for tomar a próxima ceia na igreja que você congrega, lembre-se disso e saiba discernir o certo do errado, o falso do verdadeiro e principalmente a Velha da Nova Aliança para não ser condenado com o mundo (1Corintios 11:32).

Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.  Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for” (1Corintios 11:33,34).


Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará